domingo, 24 de abril de 2011

Ressuscitou de verdade!

Celebrar a Páscoa é chegar ao encontro com Cristo vivo.


Uma antiga e sempre atual saudação para o Tempo Pascal resume em poucas palavras a fé dos cristãos: “Cristo ressuscitou”! A resposta confirma a convicção: “Ressuscitou de verdade”! Pode ser retomada na Liturgia e repetida nos cumprimentos entre as pessoas e, mais ainda, pode ser roteiro de vida! É o nosso modo de desejar uma Santa Páscoa a todos, augurando vida nova e testemunho vivo do Ressuscitado, com todas as consequências para a vida pessoal e para a sociedade.

Celebrar a Páscoa é penetrar no mistério de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nestes dias de Semana Santa salta à vista Seu modo tão divino e humano de viver a entrega definitiva. “Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13, 1). É a entrega livre daquele de quem ninguém tira a vida, mas se faz dom de salvação.

Jesus Cristo, que é verdadeiro Deus, oferece o testemunho de inigualável maturidade, na qual se encontra a referência para todos os seres humanos. “Os guardas voltaram aos sumos sacerdotes e aos fariseus, que lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Responderam: Ninguém jamais falou como este homem” (Jo 7, 45-46). Encontrá-Lo é descobrir o caminho da realização pessoal. Mas seria pouco considerá-Lo apenas exemplo a ser seguido. “De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). O homem verdadeiro é Senhor e Salvador. N'Ele estão nossas esperanças e a certeza da ressurreição. Mais do que Mestre ou sábio de renome, n'Ele está a salvação.

Seus apóstolos e discípulos, antes temerosos diante das perseguições, tendo recebido o Espírito Santo, sopro divino do Ressuscitado sobre a comunidade dos fiéis, tornaram-se ardorosos anunciadores de Sua ressurreição e de Seu nome. Basta hoje o anúncio de Cristo: “Que todo o povo de Israel reconheça com plena certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes. “Quando ouviram isso, ficaram com o coração compungido e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: Irmãos, que devemos fazer? Pedro respondeu: “Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vós e vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor, nosso Deus, chamar” (At 2, 36-39).

Cristo morreu, Cristo ressuscitou, Cristo há de voltar! O que parece simplório é suficiente, pois daí nascem todas as consequências: vida nova, alegria perene, capacidade para se levantar das próprias crises e pecados, amor ao próximo, vida de comunidade, testemunho corajoso da verdade, vida nova na família cristã, compromisso social, serviço da caridade! Tudo isso? Sim, na Páscoa de Jesus Cristo está o centro da fé cristã e a fonte de vitalidade, da qual gerações e gerações de cristãos beberam como de uma fonte verdadeiramente inesgotável.

Celebrar a Páscoa é ir além da recordação dos fatos históricos, para chegar ao encontro com Cristo vivo. Nós cristãos O reconhecemos hoje presente, fazendo arder os corações, vamos ao Seu encontro nos irmãos, especialmente na partilha com os mais pobres, acolhemos Sua palavra viva, lida da Sagrada Escritura e proclamada na liturgia, sabemos que Ele permanece conosco se nos amamos uns aos outros e está vivo na Igreja, quando se expressam os sucessores dos Apóstolos e O buscamos na maior exuberância de Sua presença, que é a Eucaristia. Este é nosso documento de identidade!

Com o necessário respeito à liberdade de todas as pessoas, queremos hoje dizer a todos os homens e mulheres, em todas as condições em que se encontram, que as portas estão abertas, mais ainda: escancaradas. Se quiserem, aqui está o convite para a maior de todas as comemorações: “Celebremos a festa, não com o velho fermento nem com o fermento da maldade ou da iniquidade, mas com os pães ázimos da sinceridade e da verdade!” (I Cor 5, 8). É Páscoa do Senhor! Feliz, verdadeira e santa Páscoa da Ressurreição!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

sábado, 23 de abril de 2011

As pessoas erram por que querem?

Para quem nunca recebeu amor, a experiência de amar é um esforço;

Quanto mais faço a experiência de conhecer as pessoas, tanto mais acredito no ser humano. À medida que vou me descobrindo e descobrindo os outros, mais se torna forte em mim a certeza de que as pessoas – essencialmente – são boas.
Todos nós recebemos de Deus muitas capacidades e podemos fazer coisas boas, todos somos capazes de acertar. O homem é uma criatura fantástica, dotada de inteligência, bondade, sensibilidade, entre outras virtudes que, se estimuladas de maneira correta, assumem uma fecundidade surpreendente.
Acredito que ninguém erra porque quer e ninguém é infeliz querendo sê-lo, com consciência disso. Todos querem ser felizes, e é impossível que alguém goste de ser frustrado, entretanto, nem todos sabem realmente qual caminho trilhar para alcançar a felicidade.
A mentalidade vigente (paganizada e hedonista) ilude por demais as pessoas: há pessoas vivendo o adultério, perversões sexuais, vícios, etc., acreditando cegamente que estão certas e que esse é o caminho para a felicidade. Isso porque aprenderam a vida toda que o que importa é somente o prazer "a todo custo" e que é somente este que vai lhes trazer a verdadeira alegria.
Em tal busca, muitos acabaram errando e encontrando a infelicidade como recompensa, contudo, no fundo de seus corações sempre existiu um autêntico desejo de felicidade.
Neste anseio de compreender os erros e contradições do ser humano, também é necessário avaliar a formação familiar de cada indivíduo. É difícil para um pai, educado à base de pancadas, entender que é, com amor, que se educa um filho; e mesmo quando entende, é necessário um esforço enorme para que consiga expressar esse amor. Para quem nunca recebeu amor, amar e deixar-se amar acaba tornando-se uma "violência", ainda mais se essa pessoa não tem uma concreta experiência do amor de Deus.
Pessoas que tiveram histórias duras e de desamor, muitas vezes, até tentam amar, mas não o conseguem. Tentam externar o amor, mas acabam por encontrar-se encarceradas no território da própria limitação.
Pessoas assim amam como sabem, como hoje são capazes. Mas amam.
Muitos dos que hoje são considerados maus acabaram ficando assim em virtude das influências que sofreram. Outros também, se sentiram como que "obrigados" a ser maus, por medo (sentimento de inferioridade) de ser massacrados pela vida e pela sociedade.
Há quem acorde de madrugada, trabalhe o dia inteiro, depois enfrente o trânsito estressante de uma grande cidade e quando chega em casa, à noite, não consegue ser gentil com os seus, como, muitas vezes, gostaria de ser. Entenda-se bem: nossos problemas não podem se tornar justificativas para nossos erros, mas não se pode negar que estes são uma realidade que influencia nosso comportamento.
Isso nos leva a uma compressão do ser humano mais encarnada e misericordiosa, levando-nos a entender o coração antes de condenar a atitude.
Viver bem o Cristianismo é lutar cotidianamente para entender as pessoas sem se fixar na superfície, na aparência, procurando compreender o porquê de cada atitude e reação.
Mais uma vez ouso dizer: Muitos não são ruins porque querem. Inúmeras vezes existem fatores condicionantes que levam as pessoas a agir como agem, fatores estes que podem ser desmistificados e até mesmo extirpados com um pouco de paciência e compreensão.
Todos são – em sua essência – bons, mas nem todos sabem disso…
Eis aí uma bela forma de ser cristão: levar às pessoas a consciência do valor que possuem, fazendo-as acreditar na vida e nas próprias potencialidades (à luz da Graça).
Assim daremos à esperança o direito de se estabelecer vitoriosa, dando à vida a oportunidade de ser mais compreendida e amada no seu real.
Diácono Adriano Zandoná

Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.

Oração: Reze esta oração, composta pelo Papa Paulo VI. Pouco a pouco, você saberá repeti-la com calma e ser acompanhado por ela muitas vezes durante o ano.

Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande, aberto à vossa silenciosa e forte palavra inspiradora, fechado a todas as ambições mesquinhas, alheio a qualquer desprezível competição humana, compenetrado do sentido da santa Igreja! Um coração grande, desejoso de se tornar semelhante ao coração do Senhor Jesus! Um coração grande e forte para amar a todos, para servir a todos, para sofrer por todos! Um coração grande e forte, para superar todas as provações, todo tédio, todo cansaço, toda desilusão, toda ofensa! Um coração grande e forte, constante até o sacrifício, quando for necessário! Um coração cuja felicidade é palpitar com o coração de Cristo e cumprir, humilde, fiel e firmemente a vontade do Pai. Amém.

O poder do Sangue de Cristo

Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue?
Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com o seu sangue (cf. Ex 12,6-7). Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.

Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repara de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.

De seu lado saiu sangue e água (Jo 19,34). Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa.

Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne (Gn 2,23), que São Paulo refere, aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte.

Vede como Cristo se uniu à sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu à luz, também Cristo alimenta sempre com o seu sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.
   Das Catequeses de São João Crisóstomo


O barulho das palavras

Escutar significa receber alguém dentro de nós!

Dizem que quando Deus quer falar, não precisa do barulho das palavras, fala nos acontecimentos, no silêncio da natureza, fala como quer e do jeito que quer. Mas será que quando o Todo-poderoso quer falar estamos dispostos a ouvi-Lo? Eis a questão. Parece que, nos dias atuais, nossos ouvidos estão sempre ocupados. Escolhemos o que queremos ouvir, colocamos o fone e esquecemos o mundo à nossa volta. Como o Senhor costuma falar de um jeito sempre novo, fica difícil conseguirmos identificar Sua voz. Talvez nem paremos para pensar sobre isso, mas o fato é que a vida segue um ritmo tão acelerado que já não temos tempo para ouvir: nem uns aos outros nem a Deus.

Escutar é uma bela arte, saber falar também... Acredito que, se estamos buscando um crescimento espiritual, precisamos dar passos neste sentido, porque só conseguimos ouvir a voz de Deus se nossos ouvidos estiverem treinados em ouvir as pessoas. Você sabe o que se passa com a pessoa que está ao seu lado, seja no trabalho, em casa ou na escola? Costuma perguntar como foi o dia daqueles que convivem com você? É fácil perceber que há pouco interesse em ouvir o outro, talvez porque para fazê-lo é preciso esvaziar-se de si mesmo, e este é um desafio que, apesar de construtivo, nem sempre é apreciado.

Hoje dizer “faça silêncio”, talvez não seja a solução se quisermos crescer como pessoa, pois existem vários tipos de silêncio e nem todos são produtivos. Há silêncios, por exemplo, que são tidos como sábios. Outros, como necessários e outros ainda como indiferença. Portanto, antes de “resolver silênciar, precisamos ter a motivação certa. Já que, muitas vezes, a maior caridade não é simplesmente calar, mas sim ouvir e acolher a quem precisa falar.

É assustador, mas real, há muitas pessoas morrendo porque não conseguem ninguém que as escute. Ocupados com aquilo que escolhemos ouvir, vamos nos deixando embalar pela música que nos toca e não pelas situações que nos cercam.

Outro dia fiquei admirada com o que presenciei. Estava em um consultório médico e chegaram dois jovens, um rapaz e uma moça, não sei se eram irmãos ou amigos, não creio que seriam um casal, apesar de terem chegado juntos. Já sentados, trocaram algumas palavras e, em alguns minutos, cada um colocou o fone nos ouvidos e o silêncio reinou. Passei um bom tempo ainda no lugar e não os ouvi trocar uma palavra sequer. Coisa estranha, não é? Por que será que o som que sai do fone é mais interessante do que a vida de quem está ao nosso lado? Por que será que os meios que vêm para comunicar acabam nos roubando a comunicação? Penso que é hora de darmos mais atenção à forma como temos lidado com essa realidade e valorizarmos mais o diálogo.

Tanto as palavras como o silêncio têm sua força, negativa ou positiva; é grande sabedoria saber usá-los, mas é preciso usá-los. As palavras fazem parte da nossa essência, comunicar é preciso! Com palavras nos aproximamos ou nos afastamos do outro, apaziguamos ou ferimos. Damos ou tiramos a vida. Marcamos nossas escolhas com palavras e falar com a vida, com paixão, com os olhos, com os gestos, com a alma e com amor é transmitir esperança a quem nos ouve. Porém, na hora de escutar as pessoas, o barulho das palavras não ajuda nada. E aí entra o importante papel do silêncio.

Escutar significa receber alguém dentro de nós, em nosso coração e isso quase sempre se dá no silêncio. Por isso, é preciso ouvir a pessoa ! Não o que dizem da pessoa ou o que imaginamos a seu respeito, mas escutar a própria pessoa. Dar tempo para a pessoa falar. Parar o que estamos fazendo e olhar para a pessoa com a atenção que ela merece. É mais do que simplesmente ouvir palavras, é acolher a pessoa do jeito que ela está, com suas dores ou alegrias. É exigente, mas benéfico, pois quando escuto o outro, aprendo com ele, cresço com suas experiências e evito muitos erros.

Já observou que nossos problemas, muitas vezes, tomam proporções maiores do que as reais, justamente porque não escutamos as pessoas? Fiquemos atentos e procuremos dar mais atenção àqueles que nos cercam. Silenciar, sim, o silêncio tem um valor incalculável, mas que nosso silêncio não seja de indiferença e sim de acolhimento.

Penso que saber ouvir e saber falar é antes uma questão de respeito e amor à própria vida. Praticar essa arte é um dom.

Se enquanto você estiver lendo este texto, perceber que o barulho das palavras o tem impedido de ser melhor, tenha a coragem de recomeçar, silenciando. Por outro lado, se perceber que seu silêncio não tem produzido vida, saia dele o quanto antes e vá ao encontro do outro, levando uma palavra de esperança. Em todo caso, viva bem o hoje; apaixone-se pela vida. Partilhe suas lutas e conquistas. Faça pausas para escutar os outros e, pela força da comunicação, dê mais qualidade aos seus dias e seja feliz.
Dizem que quando Deus quer falar, não precisa do barulho das palavras, fala nos acontecimentos, no silêncio da natureza, fala como quer e do jeito que quer. Mas será que quando o Todo-poderoso quer falar estamos dispostos a ouvi-Lo? Eis a questão. Parece que, nos dias atuais, nossos ouvidos estão sempre ocupados. Escolhemos o que queremos ouvir, colocamos o fone e esquecemos o mundo à nossa volta. Como o Senhor costuma falar de um jeito sempre novo, fica difícil conseguirmos identificar Sua voz. Talvez nem paremos para pensar sobre isso, mas o fato é que a vida segue um ritmo tão acelerado que já não temos tempo para ouvir: nem uns aos outros nem a Deus.

Escutar é uma bela arte, saber falar também... Acredito que, se estamos buscando um crescimento espiritual, precisamos dar passos neste sentido, porque só conseguimos ouvir a voz de Deus se nossos ouvidos estiverem treinados em ouvir as pessoas. Você sabe o que se passa com a pessoa que está ao seu lado, seja no trabalho, em casa ou na escola? Costuma perguntar como foi o dia daqueles que convivem com você? É fácil perceber que há pouco interesse em ouvir o outro, talvez porque para fazê-lo é preciso esvaziar-se de si mesmo, e este é um desafio que, apesar de construtivo, nem sempre é apreciado.

Hoje dizer “faça silêncio”, talvez não seja a solução se quisermos crescer como pessoa, pois existem vários tipos de silêncio e nem todos são produtivos. Há silêncios, por exemplo, que são tidos como sábios. Outros, como necessários e outros ainda como indiferença. Portanto, antes de “resolver silênciar, precisamos ter a motivação certa. Já que, muitas vezes, a maior caridade não é simplesmente calar, mas sim ouvir e acolher a quem precisa falar.

É assustador, mas real, há muitas pessoas morrendo porque não conseguem ninguém que as escute. Ocupados com aquilo que escolhemos ouvir, vamos nos deixando embalar pela música que nos toca e não pelas situações que nos cercam.

Outro dia fiquei admirada com o que presenciei. Estava em um consultório médico e chegaram dois jovens, um rapaz e uma moça, não sei se eram irmãos ou amigos, não creio que seriam um casal, apesar de terem chegado juntos. Já sentados, trocaram algumas palavras e, em alguns minutos, cada um colocou o fone nos ouvidos e o silêncio reinou. Passei um bom tempo ainda no lugar e não os ouvi trocar uma palavra sequer. Coisa estranha, não é? Por que será que o som que sai do fone é mais interessante do que a vida de quem está ao nosso lado? Por que será que os meios que vêm para comunicar acabam nos roubando a comunicação? Penso que é hora de darmos mais atenção à forma como temos lidado com essa realidade e valorizarmos mais o diálogo.

Tanto as palavras como o silêncio têm sua força, negativa ou positiva; é grande sabedoria saber usá-los, mas é preciso usá-los. As palavras fazem parte da nossa essência, comunicar é preciso! Com palavras nos aproximamos ou nos afastamos do outro, apaziguamos ou ferimos. Damos ou tiramos a vida. Marcamos nossas escolhas com palavras e falar com a vida, com paixão, com os olhos, com os gestos, com a alma e com amor é transmitir esperança a quem nos ouve. Porém, na hora de escutar as pessoas, o barulho das palavras não ajuda nada. E aí entra o importante papel do silêncio.

Escutar significa receber alguém dentro de nós, em nosso coração e isso quase sempre se dá no silêncio. Por isso, é preciso ouvir a pessoa ! Não o que dizem da pessoa ou o que imaginamos a seu respeito, mas escutar a própria pessoa. Dar tempo para a pessoa falar. Parar o que estamos fazendo e olhar para a pessoa com a atenção que ela merece. É mais do que simplesmente ouvir palavras, é acolher a pessoa do jeito que ela está, com suas dores ou alegrias. É exigente, mas benéfico, pois quando escuto o outro, aprendo com ele, cresço com suas experiências e evito muitos erros.

Já observou que nossos problemas, muitas vezes, tomam proporções maiores do que as reais, justamente porque não escutamos as pessoas? Fiquemos atentos e procuremos dar mais atenção àqueles que nos cercam. Silenciar, sim, o silêncio tem um valor incalculável, mas que nosso silêncio não seja de indiferença e sim de acolhimento.

Penso que saber ouvir e saber falar é antes uma questão de respeito e amor à própria vida. Praticar essa arte é um dom.

Se enquanto você estiver lendo este texto, perceber que o barulho das palavras o tem impedido de ser melhor, tenha a coragem de recomeçar, silenciando. Por outro lado, se perceber que seu silêncio não tem produzido vida, saia dele o quanto antes e vá ao encontro do outro, levando uma palavra de esperança. Em todo caso, viva bem o hoje; apaixone-se pela vida. Partilhe suas lutas e conquistas. Faça pausas para escutar os outros e, pela força da comunicação, dê mais qualidade aos seus dias e seja feliz.
Dijanira Silva Apresentadora da Rádio CN FM 103.7 em Fátima Portugal

Por que Jesus morreu na cruz?

O drama de um Deus crucificado por amor ao homem.
amais o mundo viu ou verá um acontecimento como este: o Filho de Deus humanado é crucificado e agoniza durante três horas numa cruz. Três longas horas de dores indizíveis, sofrimentos inenarráveis na pior forma de suplício que o Império Romano impunha a seus opositores, bandidos, malfeitores... Foi o drama de um Deus crucificado por amor ao homem, criatura moldada à Sua "imagem e semelhança" (cf. Gen. 1,26).

Um mistério insondável de amor e de dor que projeta luz sobre o quanto cada um de nós é importante para Deus. Cristo não mediu esforços para resgatar cada um de nós para Deus... foi até as últimas consequências. São João expressou isso como ninguém: "Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim" (Jo 15,1).

A dívida dos pecados dos homens, sendo, de certo modo infinita, exigia um sofrimento redentor também infinito para reparar a ofensa contra a majestade infinita de Deus. Então, o sofrimento de Deus feito homem, infinito, triunfou do pecado. O resgate de cada um de nós foi pago. Pelo sofrimento de Jesus, Homem e Deus, a humanidade honrou a Deus incomparavelmente mais do que O ofendera e poderá ainda ofender. O homem, resgatado agora pelo Filho do Homem, pode voltar para os braços de Deus. A justiça foi satisfeita.

Podemos perguntar: mas por que foi necessário que um Deus morresse na Cruz para nos salvar? São Leão Magno (400-461), Papa e doutor da Igreja, nas suas homilias de Natal, lança luzes sobre o mistério da nossa Redenção:

Mas, o fato, caríssimos, de Cristo ter escolhido nascer de uma Virgem não parece ditado por uma razão muito profunda? Isto é, que o diabo ignorasse que a salvação tinha nascido para o gênero humano, e, escapando-lhe que a concepção era devida ao Espírito, acreditasse que não tinha nascido diferente dos outros aquele que ele não via diferente dos outros.

Com efeito, aquele no qual ele constatou uma natureza idêntica à de todos tinha, pensava ele, uma origem semelhante à de todos; ele não compreendeu que estava livre dos laços do pecado aquele que ele não viu isento das fraquezas da mortalidade.  Porque Deus, que, em sua justiça e em sua misericórdia, dispunha de muitos meios para elevar o gênero humano, preferiu escolher  para isso a via que lhe permitisse destruir a obra do diabo, apelando não a uma intervenção de poder, mas a uma razão de equidade.

Porque, não sem fundamento, o antigo inimigo, em seu orgulho, reivindicava direitos de tirano sobre todos os homens e, não sem razão, oprimia sob seu domínio aqueles que ele tinha prendido ao serviço de sua vontade, depois que eles, por si mesmos, tinham desobedecido ao mandamento de Deus. Por isso não era de acordo com as regras da justiça que ele cessasse de ter o gênero humano como escravo, como o tinha desde a origem, a não ser que fosse vencido por meio do que ele mesmo tinha reduzido à escravidão.

Para esse fim, Cristo foi concebido de uma Virgem, sem intervenção de homem... Ele [o demônio] não pensou que o nascimento de uma criança gerada para a salvação do gênero humano não lhe estava sujeito como o estava o de todos os recém-nascidos. Com efeito, ele o viu vagindo e chorando, viu-o envolto em panos, submetido à circuncisão e resgatado pela oferenda do sacrifício legal. Mais tarde, reconheceu os progressos normais da infância, e até na idade adulta nenhuma dúvida lhe aflorou sobre o desenvolvimento conforme a natureza.

Durante este tempo ele lhe infligiu ultrajes, multiplicou injúrias, usou de maledicências, calúnias, blasfêmias, insultos, enfim, derramou sobre ele toda a violência do seu furor e o pôs à prova de todos os modos possíveis; sabendo com qual veneno tinha infectado a natureza humana, ele jamais pôde crer que fosse isento da falta inicial aquele que, por tantos indícios, ele reconhecia por um mortal.

Ladrão atrevido e credor avaro, ele se obstinou em levantar-se contra aquele que não lhe devia nada, mas exigindo para todos a execução de um julgamento geral pronunciado contra uma origem manchada pela falta, ultrapassou os termos da sentença sobre a qual se apoiava, porque reclamou o castigo da injustiça contra aquele no qual não encontrou falta. Tornando-se, por isso, caducos os termos malignamente inspirados na convenção mortal, e, por causa de uma petição injusta, que ultrapassava os limites, a dívida toda foi reduzida a nada. O forte é atado com os seus próprios laços, e todo o estratagema do inimigo cai sobre a sua cabeça. Uma vez amarrado o príncipe deste mundo, o objeto de suas capturas lhe foi arrancado. Nossa natureza, lavada de suas antigas manchas, recupera sua dignidade, a morte é destruída pela morte, o nascimento é renovado pelo nascimento, porque, ao mesmo tempo, o resgate suprime nossa escravidão, a regeneração muda nossa origem e a fé justifica o pecador” (Sermão XXII , segundo Sermão do Natal).

domingo, 17 de abril de 2011

Evangelho (Mateus 21,1-11)

Domingo, 17 de Abril de 2011
Domingo de Ramos

(Antes da Procissão dos Ramos):

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 1Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e chegaram a Betfagé, no monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos, 2dizendo-lhes: “Ide até o povoado que está ali na frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada, e com ela um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim! 3Se alguém vos disser alguma coisa, direis: ‘O Senhor precisa deles’, mas logo os devolverá’”.
4Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta: 5Dizei à filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta”.
6Então os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes havia mandado. 7Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre eles suas vestes, e Jesus montou. 8A numerosa multidão estendeu suas vestes pelo caminho, enquanto outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam pelo caminho. 9As multidões que iam na frente de Jesus e os que o seguiam, gritavam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!” 
10Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se agitou, e diziam: “Quem é este homem?” 11E as multidões respondiam: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

Evangelho (após a Procissão dos Ramos, durante a Liturgia da Palavra) 
(Mt 27,11-54) - Forma breve

Narrador 1: Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo Mateus: Naquele tempo,11Jesus foi posto diante de Pôncio Pilatos, e este o interrogou:
Ass.: “Tu és o rei dos judeus?” 
Narrador 1: Jesus declarou: 
Pres.: “É como dizes”. 
Narrador 1: 12E nada respondeu, quando foi acusado pelos sumos sacerdotes e anciãos.13Então Pilatos perguntou: 
Leitor 1: “Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?” 
Narrador 1: 14Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou muito impressionado. 15Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse. 16Naquela ocasião, tinham um prisioneiro famoso, chamado Barrabás. 17Então Pilatos perguntou à multidão reunida: 
Ass.: “Quem vós quereis que eu solte: Barrabás, ou Jesus, a quem chamam de Cristo?” 
Narrador 2: 18Pilatos bem sabia que eles haviam entregado Jesus por inveja. 19Enquanto Pilatos estava sentado no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele: 
Mulher: “Não te envolvas com esse justo, porque esta noite, em sonho, sofri muito por causa dele”.
Narrador 2: 20Porém, os sumos sacerdotes e os anciãos convenceram as multidões para que pedissem Barrabás e que fizessem Jesus morrer. 21O governador tornou a perguntar: 
Ass.: “Qual dos dois quereis que eu solte?”
Narrador 2: Eles gritaram:
Ass.: “Barrabás”. 

sábado, 16 de abril de 2011

«Como o Senhor vos perdoou, fazei assim também vós.»

Como podemos viver esta Palavra?
Todos nós podemos ter, na vida de cada dia, algum parente, um colega de estudo ou de trabalho, ou algum amigo que nos tenha feito uma injustiça, algum mal sem razão… Talvez nem tenhamos sonhado com a idéia de vingança, mas no coração pode ter ficado um sentimento de rancor, de hostilidade, de amargura ou só de indiferença, que impede um relacionamento autêntico de comunhão.
Então, o que fazer?
Já de manhã, levantemo-nos com uma “anistia” completa no coração, com aquele amor que cobre tudo, que sabe acolher o outro assim como ele é, com suas limitações, suas dificuldades, tal como faz a mãe quando o filho erra: sempre desculpa, sempre perdoa, sempre espera nele…
Aproximemo-nos de cada pessoa vendo-a com olhos novos, como se ela nunca tivesse caído naqueles erros.
Recomecemos vez por vez, sabendo que Deus não só perdoa, mas esquece: é esta a medida que Ele espera também de nós.
Foi o que aconteceu com um amigo nosso de um país em guerra, que presenciou o massacre dos seus pais, do irmão e de vários amigos. O sofrimento o faz afundar na rebelião, a ponto de desejar para os carrascos um castigo tremendo, proporcional à culpa deles.
No entanto, a todo momento lhe vêm à mente as palavras de Jesus sobre a necessidade do perdão; mas lhe parece impossível vivê-las. “Como posso amar os inimigos?” – pergunta-se ele. E precisa de vários meses e de muita oração antes de começar a encontrar um pouco de paz.
Mas quando, um ano depois, vem a saber que os assassinos não somente são conhecidos por todos, mas circulam livremente pelo país, o rancor volta a martirizar seu coração e ele começa a pensar qual seria sua atitude caso encontrasse aqueles seus “inimigos”. Implora a Deus que aplaque a sua ira e que mais uma vez o torne capaz de perdoar.
Ele mesmo conta: “Ajudado pelo exemplo dos irmãos com os quais procuro viver o Evangelho, compreendo que Deus me pede que eu não alimente aquela idéia absurda, mas que me concentre em amar as pessoas que no momento estão próximas, os colegas, os amigos… No amor concreto para com eles, aos poucos, encontro a força de perdoar de verdade os assassinos da minha família. Hoje eu sinto realmente a paz no coração”.

Chiara Lubich

Jesus: fonte e centro da amizade

"Um amigo fiel é um poderoso refúgio, quem o descobriu, descobriu um tesouro. Um amigo fiel não tem preço, é imponderável seu valor. Um amigo fiel é um bálsamo vital e os que o temem o Senhor o encontrarão.”
( Eclo: 6, 14-16; )

Acredito que se buscarmos ao Senhor com todo o nosso coração e com toda a nossa alma, com toda a nossa força e com todo o nosso entendimento, tratando-o como “um verdadeiro amigo”, Ele, naturalmente, providenciará amigos em nossas vidas. No entanto, isto se concretizará somente se buscarmos, primeiramente, ser amigos de Jesus.
A Palavra de Deus é muito clara: “Um amigo fiel é um bálsamo vital e os que temem o Senhor o encontrarão”. O temor ao Senhor é o princípio e origem de toda amizade. Observe que isto é uma lei natural do Reino de Deus. Se procurarmos a Deus com todo o nosso ser, Ele, providencialmente, nos fará encontrar este amigo fiel, bálsamo vital, refúgio e tesouro precioso. Por isso, podemos dizer que a fonte de toda a amizade é Deus.
Ao invés de ficarmos procurando com as nossas próprias forças e iniciativas “os nossos amigos”, deixemo-nos possuir inteiramente pelo amigo por excelência, Jesus. Caso contrário, ficaremos mendigando o “amor” das pessoas com o intuito de preencher os nossos corações. Certamente, só encontraremos esmolas e resto, uma vez que estas mesmas pessoas não poderão – por melhores que sejam – corresponder à nossa necessidade mais profunda de amor. Temos ido com muita sede ao pote. Esquecemo-nos que, inicialmente, a amizade pode até parecer verdadeira e eterna, mas com o tempo descobrimos que não passava de um afeto passageiro e doloroso. Tais sentimentos, se baseiam num sentimento construído com esforço e iniciativa humana, e não uma amizade verdadeira, vinda do coração de Deus. Cultivar afetos deste gênero só nos levará a amargas decepções que, consequentemente, causarão feridas e chagas interiores que nos fecharão a outros relacionamentos. Assim, desacreditaremos na existência e na credibilidade do amigo.
Esta passagem bíblica do livro de eclesiástico nos revela um segredo a respeito da amizade. Um caminho mais curto e eficaz. Se quisermos encontrar este tesouro que é o amigo, temos que encontrar primeiro o grande tesouro que se chama Jesus.
Não são poucos aqueles que afirmam que fazer amigos é fácil e simples. O difícil e complicado, porém, é cultivar as amizades que conquistamos. E isto ocorre devido as limitações e misérias que possuímos como pessoa. Às vezes, uma amizade que levou um bom tempo para ser solidificada, repentinamente, desmorona em um piscar de olhos. E pior ainda: aquilo que antes era amor se transforma em um grande sentimento de ódio. Se não soubermos controlar essas fragilidades que existem em nós perderemos muitos amigos.

É na amizade com o Senhor que aprendemos a ser verdadeiros amigos. É na intimidade com o Senhor que Ele nos ensina a estar atentos ao outro, a acolhermos o outro como ele é, a compreendê-lo com seus problemas e diferenças e amá-lo. Jesus mesmo é quem nos ensinará a cultivarmos uns aos outros, apesar dos contratempos e diferença de temperamentos. Nos ajudará a perdoar quando for preciso e, principalmente, a ser remédio e bálsamo para as chagas que necessitam ser curadas.

Na escola de Jesus é diferente. O movimento é contrário. Ao invés de nos fecharmos e ter nojo das feridas e misérias do outro, seremos bálsamo vital e ajudaremos o nosso amigo a alcançar a cura. Seremos um instrumento de amor e não de julgamento. Não seremos apenas mais um, mas teremos uma atitude de acolhimento sincero. O amigo não pára diante dos defeitos, mas tem a capacidade de ir além. Portanto, a verdadeira amizade gira em torno de Cristo, pois Ele é o centro e a fonte da amizade verdadeira.


Discernimento vocacional

Nunca foi fácil descobrir a própria vocação e ter a certeza de não errar. Enquanto seres humanos, vivemos, vivemos mergulhados nas relidades do mundo, influenciados pelas idéias, pelas emoções e por tudo o que nos circunda.
O que nos parece certo à noite pode ser que pela manhã, ao levantarmos, não seja mais tão certo como parecia. Ao meio-dia podemos ter, influenciados pelos acontecimentos, uma idéia diferente, a à noite termos uma visão nova da realidade e do mundo.
Quando penso no discernimento vocacional me vem a mente o texto do Evangelho em que Jesus diz: “hipócritas! Sabeis interpretar os fenômenos da terra e do céu; então como não sabeis interpretar os momentos presentes? Por que não julgais vós mesmos o que é justo”? (Lc 12,56-57)
O discernimento é uma atitude permanente do ser humanoque procura acertar os seus passos para alcançar o ideal a que se propõe na abertura interior e intelectual à vontade de Deus, que pode mudar a sua contextualização.
O diretor espiritual não se coloca na vida de alguém como aquele que decide, determina, traça caminhos e obriga os outros a seguir, mas como alguém que, tendo colocado na escuta da palavra e na observação dos sinais, orienta o dirigido para que ele tome as suas decisões com maior responsabilidade.
Todos nós sabemos que a felicidade está em fazer aquilo que gostamos. Mas os gostos podem mudare por isso há quem defenda que vocações que duram para sempre seja utopia. No entanto devemos também admitir que mudar constantemente de rumo não leva a lugar algum.
A força do amor faz com que possamos entregar a nossa vida corajosamente, não às estruturas, mas às pessoas. Jesus merece a nossa vida, bem como as pessoas que amamos, escolhemos e decidimos amar para sempre.
A vida não é feita de relacionamento com coisas, mas de relacionamento com a própria vida.
O discernimento espiritual vocacional, que normalmente acontece na juventude, porque é a idade da efervescência e da sedução idealista, exige muita escuta por parte do diretor espiritual e muita coragem por parte dos jovens que, na intimidade do seu coração, dão o seu sim ou o seu não à própria vida.
Frei patrício Sciadini, OCD
Do livro( A pedagodia da direção Espiritual)

Toda autoridade vem de Deus

  Toda autoridade é constituida por Deus; Ele tem um plano em tudo. Mesmo a utoridade de pilatos sobre Jesus vinha do Pai(Jo 19,10-11). Portanto, aquele que quer servir ao Senhor, querendo ou não tem que aceitar ser submisso a alguém costituído pelo próprio Deus. A autoridade vinda de Deus, emsmoque doa, ou mesmo que não seja vista como “correta”, deve ser obedecida, pois é algo a tratar com o Senhor, não com as pessoas.
A submissão é um meio seguro de fazer a vontade de Deus, pois Ele se manifesta pelas autoridades constituídas sobre nós e sua vontade por meio das ordens que recebemos. A obediência é, na verdade, um fardo leve, um instrumento eficaz de libertação.
Jesus, pela obediência, libertou-nos da desobediência; tornando-nos capaz de realizar a vontade de Deus. A obediência não se faz senão na renúncia de si próprio, na humilhação e no sofrimento. Não existe outro caminho de obediência a não ser a cruz.
Submissão também é pobreza, mas para o homem ser submisso a Deus, ele deve, em primeiro lugar, treinar o ser submisso aos que estão ao seu lado. Estar submisso é estar como escravo, sempre disponível, fazendo a vontade do Senhor.
O caminho da submissão é o caminho da cruz, o mesmo que Jesus trilhou! Para tudo o que ia fazer, conversava com o Pai, Ele veio ao mundo para cumprir a vontade do Pai. Percorreu todo o caminho até a cruz. Ser submisso é estar em humilhação constante.
Jesus aprendeu de Maria esta obediência, porque Ele é da “Casa de Maria”. Nós fazemos parte da “Casa de Maria”. Por isso precisamos aprender a obedecer do jeito de Maria, do jeito de Jesus.
Isto é princípio de vida, obedecer do jeito de Maria e obedecer do jeito de Jesus.

Monsenhor Jonas Abib

Evangelho (João 11,45-56)

Sábado, 16 de Abril de 2011
5ª Semana da Quaresma

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 45muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. 46Alguns, porém, foram ter com os fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. 47Então os sumos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho e disseram: “Que faremos? Este homem realiza muitos sinais. 48Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”.
49Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote em função naquele ano, disse: “Vós não enten­deis nada. 50Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?” 51Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote em função naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação. 52E não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos. 53A partir desse dia, as autoridades judaicas tomaram a decisão de matar Jesus.
54Por isso, Jesus não andava mais em público no meio dos judeus. Retirou-se para uma região perto do deserto, para a cidade chamada Efraim. Ali permaneceu com os seus discípulos. 55A Páscoa dos judeus estava próxima. Muita gente do campo tinha subido a Jerusalém para se purificar antes da Páscoa. 56Procuravam Jesus e, ao reunirem-se no Templo, comentavam entre si: “Que vos parece? Será que ele não vem para a festa?”

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Homilia

A mensagem central de hoje e de todo o Evangelho de São João é que “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho Unigênito, para que não morra todo aquele que nele crê, mas, tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). A presença de Jesus, como luz do mundo, divide inevitavelmente os seres humanos entre os que se decidem pela Luz e, por isso, ficam do lado da vida, e os que se decidem pelas trevas, ficando do lado da morte.
Assim, os fariseus, escribas e sacerdotes não descansaram enquanto não conseguiram um jeito de anular a pessoa de Jesus Cristo. Preocupados com a sua fama e a multiplicação dos milagres, estavam sem saber o que fazer. Foram muitos os enfrentamentos entre eles e Jesus, onde questionavam a pessoa de Cristo. Até que finalmente, os pontífices e os fariseus convocaram o conselho. E desde aquele momento resolveram tirar-lhe a vida.
Decidiram matar Jesus. Resolveram matá-lo por Ele fazer o bem. Curar e ressuscitar pessoas, aconselhar-nos a seguir o caminho reto, a não nos preocupar com o dia de amanhã, e a não ter medo, mas crer n’Ele e no Pai. E o que mais indignou os pontífices ou sumo sacerdotes, foi Ele dizer que era o Filho de Deus. Para os judeus, isso foi blasfêmia
mas, na verdade, eles queriam apagar o concorrente. Então, aquele conselho foi um pré-julgamento de Jesus, onde o Filho de Deus foi, de antemão, condenado.
Também nós condenamos e até mesmo “queimamos” os nossos concorrentes, arrumando um jeito de diminuir as suas qualidades: sejam no emprego, por ciúmes daqueles colegas que são mais capazes que nós, seja aquele cara forte que “arrasa” quando chega na área.
Jesus era consciente de que um efeito – ainda que não desejado – do seu trabalho, fosse ser causa de divisão entre os partidários do imobilismo e os que lutam por um mundo novo. Por isso, inflamou a ira dos funcionários do templo e de todos os que se consideravam “os donos da verdade”.
Aproximando-nos da festa da Páscoa, vamos ao encontro do Senhor da Nova e Eterna Aliança. A Quaresma é ocasião oportuna para reforçarmos nossa decisão pela Luz, que é Cristo, e ajudarmos os que estão nas trevas a optar pela luz e abandonar a morte.
Que esta quaresma, tempo favorável da graça de Deus, nos dê as forças necessárias para renovar nossos corações, e assim possamos viver a Páscoa do Senhor, que deseja devolver-nos a alegria de viver.
Precisamos ter mais atenção para não fazer como aqueles fariseus. Ter mais cuidado com os nossos pensamentos e palavras. E lembrar, acima de tudo, o que nos disse o Ressuscitado: “Não julguem e não serão julgados! Não condenem e não serão condenados!”
Padre Bantu Mendonça

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mensagem aos Jovens!

1 Timóteo 4; 12-16

¹²Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.
¹³Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.
14Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.
15Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.
16Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Evangelho (João 10,31-42)

Sexta-Feira, 15 de Abril de 2011
5ª Semana da Quaresma

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 31os judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus. 32E ele lhes disse: “Por ordem do Pai, mostrei-vos muitas obras boas. Por qual delas me quereis apedrejar?”
33Os judeus responderam: “Não queremos te apedrejar por causa das obras boas, mas por causa de blasfêmia, porque sendo apenas um homem, tu te fazes Deus!” 34Jesus disse: “Acaso não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’?
35Ora, ninguém pode anular a Escritura: se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a palavra de Deus, 36por que então me acusais de blasfêmia, quando eu digo que sou Filho de Deus, eu a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo? 37Se não faço as obras do meu Pai, não acre­diteis em mim. 38Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais acreditar em mim, acreditai nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”.
39Outra vez procuravam prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles. 40Jesus passou para o outro lado do Jordão, e foi para o lugar onde, antes, João tinha batizado. E permaneceu ali. 41Muitos foram ter com ele, e diziam: “João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito deste homem, é verdade”. 42E muitos, ali, acreditaram nele.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.


Resgatados para resgatar.

"Meu irmão, é preciso trabalhar e querer a salvação de nossos entes queridos"
Meus irmãos,parece que o Senhor escolheu as leituras (Isaías 55,6-9;Filipenses 1,20c-24.27a; Salmos 144; Mateus 20,1-16a), e na verdade Ele escolheu.
Nós estamos graças a Deus no tempo da misericórdia, tempo que o Senhor se põe de braços abertos para acolher a todos que vêem a Ele.Você sabe que todo tempo dura por um tempo. Tempo de manga, goiaba... e terminado aquele tempo, terminou. Deus é sempre misericordioso, mas o Deus que é misericordioso também é justo, vai ter um momento que Ele vai precisar usar da sua justiça, então volte agora para o Senhor. Ele está esperando por você e pelos seus. Não é uma coisa egoísta, não é apenas nós nos voltarmos para o Senhor, mas querer que os nossos também se voltem a Ele.

A gente fica estranhando a conclusão do Evangelho, aquele pai de família vai de madrugada buscar operários para sua vinha; a plantação está pronta para ser colhida, e a uva tem que ser colhida no tempo exato, por essa razão ele vai de madrugada procurar trabalhadores, mas volta ás 9h, ao meio dia, às 15 e às 17h. Por que ele volta tantas vezes? Porque ele é o dono da vinha e os cachos de uva têm que ser colhidos, pois não podem se perder. É por essa razão que ele vai buscar operários também às 17h. Por que ele faz o pagamento daquele jeito, começando pelos das 17h que trabalharam apenas uma hora? Ele não igualou o pagamento, na verdade ele era grato aos que trabalharam o dia inteiro, mas grato a todos que trabalharam, principalmente aos que foram às 17h porque senão as uvas teriam se perdido. E o Pai de família que é o Senhor não quer perder nenhum "cacho de uva" que se trata de você e dos seus, e de muita gente que o Senhor não quer que se perca.

Nós não somos da primeira hora e nem da segunda, somos da última hora, fomos colhidos agora e precisamos ser muitos gratos ao Senhor porque esses operários nos levaram para o Senhor e hoje nós precisamos permanecer no Senhor. Eu e você precisamos ser firmes, fortes e lutadores.

Há um outro aspecto muito importante neste Evangelho, vou falar de nós operários que Ele manda buscar porque não quer perder suas "uvas". Você é operário do Senhor até mesmo em gratidão por ter sido colhido e trazido de volta a Ele. Você é chamado a ser evangelizador e entrar no trabalho do Senhor. Na Igreja há lugar para todos, mas na evangelização, vocês leigos podem ir onde os bispos e nós padres não podemos ir; em primeiro lugar na sua família, você é o primeiro apóstolo da sua família; você pai, mãe, filho.

Tem muitos filhos que ainda precisam ser colhidos pelo Senhor. Você é o apóstolo da sua casa, você é o evangelizador. Dizemos que santo de casa não faz milagres, mas a grande arma não está na boca, você ficar falando com a pessoa, mas a grande arma está nos joelhos, reze, reze, reze. Chegue até a cama de seu filho quando ele estiver dormindo e reze por ele. Queira realmente que seu filho seja resgatado pelo Senhor, queira e não desanime, busque todas as ocasiões. Facilite para que ele se encontre com outros jovens em tantos movimentos que o Senhor tem suscitado em sua Igreja, você verá o efeito que fará. É preciso que você queira a salvação de seus filhos.

Quanto filho, quanta filha precisa resgatar seu pai e sua mãe. Infelizmente há muitos pais que na nossa cultura são durões e não vão à igreja, e precisam ser resgatados pelo Senhor; eles não podem se perder, e é claro que você não quer que eles se percam, e não basta que eles sejam bonzinhos, eles precisam voltar a Deus, aos sacramentos. Se nós rezarmos ao Senhor pelos nossos pais e avós, o Senhor buscará o momento para salvá-los, nem que seja o último dia. 

Meu irmão, é preciso trabalhar e querer a salvação de nossos entes queridos, você está em lugares onde nós padres não podemos chegar, e você onde trabalha precisa ser o evangelizador, os que trabalham com você, as pessoas que Deus coloca em seu caminho, precisamos querer a salvação deles, lá você está perto e pode falar e agir. Primeiro a sua própria presença como alguém do Senhor incomoda, você não pode ser uma pessoa chata, mas só de não se comportar como os outros, você acaba sendo um estranho no "ninho" e isso incomoda. Nós não somos carolas como eles dizem, mas reconhecem que nós fazemos a diferença e é assim que precisamos ser, pois quando a coisa aperta eles buscam a nós. Reze e não perca a ocasião, pois você é apóstolo da última hora, realize a sua missão. 

Meu irmão, isso é muito sério e lindo. Não perca tempo! O que eu vou falar é muito sério, os nossos irmãos evangélicos, e há verdadeiros evangélicos, que não perdem tempo, e graças a Deus eles tem pegado muita gente. Nós queríamos que eles estivessem aqui, mas acabaram conhecendo o Evangelho e indo para outra igreja, mas talvez lhes faltem coisas preciosas como a Eucaristia, e tantas outras coisas que temos, mas nós não temos feitos aquilo que eles tem feito, e quanta gente está se salvando porque encontrou um evangélico que os levou para sua igreja. Meus irmãos, está na hora de acordarmos e darmos tudo, pois o Senhor nos dará o pagamento daquele que trabalhou o dia todo. O Senhor quer dar esse pagamento a você, comece onde puder começar, se você ainda não tem o aprendizado como levar o Evangelho, fale daquilo que você é hoje, e daquilo que você conseguiu, a vida fala mais que mil palavras.

São Paulo fala: “Irmãos: Cristo vai ser glorificado no meu corpo, seja pela minha vida, seja pela minha morte. Pois, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro”(Filipenses 1,20c-24.27a). Paulo foi como um bom operário que não deixou nenhum “cacho de uva” se perder. E ainda diz: Só uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo. Diga ao Senhor: “Senhor, é isso que eu quero ser pela sua graça. Amém”!



Transcrição: Willieny Isaias